Agronegócio critica proposta de fim de isenção a exportador rural
02 de Fevereiro de 2016
Por: Cristiano Zaia e Daniel Rittner
Lideranças do agronegócio reagiram radicalmente contra a proposta, em estudo pelo governo, de acabar com a isenção dada atualmente às contribuições previdenciárias dos produtores rurais que exportam. Já o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, vê espaço para a discussão do aumento da alíquota para o recolhimento dos microempreendedores individuais ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) outra proposta avaliada como fonte de financiamento para uma reforma da Previdência.
Reportagem na edição de ontem do Valor informa que uma ideia em estudo no Ministério do Trabalho e Previdência Social seria obrigar tanto produtores rurais quanto agroindústrias a recolher 2,6% de contribuição ao INSS sobre todo volume exportado. Esse percentual já é cobrado sobre a produção rural, quando comercializada no mercado doméstico.
O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, mais conhecida como bancada ruralista do Congresso, deputado Marcos Montes (PSDMG), é contrário à medida. "É claro que temos que achar um solução para a Previdência, mas sem mexer com as exportações agropecuárias", afirma. Ele promete convencer parlamentares que não integram a bancada a não aprovar a proposta caso chegue ao Legislativo.
Já o presidente da Aprosoja Brasil, entidade que representa os sojicultores do país, Almir Dalpasquale, avalia que a proposta eleva mais ainda a carga tributária do segmento. "Me admira que a equipe econômica do governo tenha esse tipo de visão, nossos produtos já são pouco competitivos no mercado internacional devido à alta carga tributária que pagamos para produzir ", destaca Dalpasquale. Ele afirma que vai mobilizar as regionais da entidade por todo país e outras instituições de classe do agronegócio para impedir que a ideia avance em Brasília.
Em outra frente, Afif não se opõe ao aumento da alíquota paga pelos microempreendedores individuais (MEI) ao INSS. Para ele, a arrecadação com essas contribuições deve ser suficiente para pagar as aposentadorias no futuro, sem nenhuma espécie de subsídio. Na avaliação do presidente do Sebrae, a tendência é que o sistema se mantenha equilibrado com uma alíquota em torno de 8% hoje os microempreendedores pagam apenas 5% de um salário mínimo por mês.
O ex-ministro lembra que a alíquota era de 11% e foi reduzida para 5%, em 2011, como forma de estímulo à formalização dos microempreendedores. "É preciso saber se os 5% são suficientes para garantir a aposentadoria. Acho que o ponto de equilíbrio é mais próximo de 8%", disse. Afif teme que uma alta mais forte possa atrapalhar o processo de formalização desses trabalhadores. "Se for para 11%, prejudica. Se for para 8%, talvez possa ser mais bem mitigado."
Fonte: Valor Econômico