Reforma da Previdência deve taxar agronegócio e Simples
01 de Fevereiro de 2016
Por: Daniel Rittner e Cristiano Zaia
A proposta de reforma da Previdência Social em estudo no governo poderá incluir duas surpresas no financiamento das aposentadorias: o fim da isenção aos produtores rurais que exportam e o aumento da alíquota paga pelos microempreendedores individuais ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Há resistências em Brasília a essas mudanças, mas, se as divergências forem superadas, a proposta será apresentada na próxima reunião do Fórum da Previdência, marcado para 17 de fevereiro.
Em termos fiscais, o maior impacto deverá vir do fim da isenção aos produtores rurais constituídos por pessoas jurídicas. Hoje, eles recolhem 2,6% do faturamento como contribuição previdenciária, mas ficam isentos quando exportam uma parte da produção pela regra atual, basta vender um único dólar ao exterior para ter direito ao benefício.
No ano passado, esse incentivo gerou R$ 5,3 bilhões em renúncia fiscal, segundo dados apresentados pela Receita Federal nas discussões. Em 2016, esse montante deve atingir R$ 6,5 bilhões.
A proposta é vista com cautela pelo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, que teme mexer em um dos setores o agronegócio mais produtivos da economia brasileira. Segmentos do PT envolvidos nas discussões defendem a medida. A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, é frontalmente contrária.
No Ministério do Trabalho e Previdência Social, técnicos argumentam que a arrecadação proveniente da mudança pode atenuar a necessidade de outras medidas impopulares no âmbito da reforma, como a fixação de idade mínima para as aposentadorias e de maior tempo de contribuição pelos trabalhadores.
Os técnicos também alegam que a isenção aos exportadores agrícolas não se justifica mais porque o benefício não guarda isonomia com a indústria uma montadora, por exemplo, não deixa de recolher INSS de seus empregados porque exporta carros. No caso dos microempreendedores, o plano é elevar a alíquota de 5% do salário mínimo, destinada ao INSS, para 8% ou até 11%.
Fonte: Valor Econômico