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Corrida por vacinas contra vírus que mata suínos

06 de Outubro de 2014

 

As farmacêuticas estão correndo para criar vacinas que detenham o vírus suíno mortal que vem assolando o segmento de carnes nos EUA e impulsionado os preços da carne suína a patamares recorde.
 
Duas empresas (Harrisvaccines, de pequeno porte, e Zoetis, uma das maiores do mundo na área de saúde animal) receberam aprovação regulatória condicional nos últimos meses para comercializar vacinas contra o vírus - conhecido como diarreia epidêmica suína (PED), que já se espalhou por 31 Estados dos EUA e matou milhões de porcos jovens desde que foi identificado pela primeira vez no país, em abril de 2013.
 
Pelo menos duas outras empresas - a americana Merck Sharp & Dohme e a alemã Boehringer Ingelheim - afirmam que também estão tentando desenvolver suas vacinas.
 
Criadores de suínos e frigoríficos esperam que as vacinas possam conter uma doença que vem confundindo cientistas e reguladores, ainda em dúvida sobre suas causas e mecanismos de contágio. O vírus é fatal apenas para os animais jovens e não ameaça a saúde humana ou a segurança alimentar, segundo cientistas.
 
O vírus reduziu a oferta de suínos nos EUA, o que elevou os custos para processadores de carne, varejistas e consumidores. O preço médio da carne suína no varejo americano subiu 12% no período de 12 meses terminado em agosto, para um nível recorde de US$ 9,26 o quilo, segundo estatísticas do governo federal.
 
A rápida aprovação das novas vacinas pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) reflete a urgência com que o governo e o segmento de saúde animal buscam soluções. As empresas da área faturam cerca de US$ 6 bilhões por ano com vendas de vacinas em todo o mundo, de acordo com a companhia escocesa de pesquisas Vetnosis.
 
Grandes produtores de suínos, como Cargill e Maschoffs, estão experimentando as vacinas, embora muitos no segmento afirmem que não esperam que elas se tornem uma cura universal, até porque outras vacinas para vírus suínos semelhantes tiveram sucesso limitado.
 
Produtores e veterinários "estão extremamente frustrados e procurando por todas as opções viáveis para controlar o vírus", diz Aaron Lower, veterinário da Carthage Veterinary Service, empresa de Illinois que oferece consultoria a criadores.
 
Estima-se que mais de 8 milhões de animais já morreram por causa do vírus desde que ele foi descoberto nos EUA. A produção de carne suína no país caiu 1,8% este ano, segundo o USDA, e os preços dos contratos futuros de suínos já abatidos atingiram o recorde de US$ 1,33875 a libra (0,45 quilo) em julho. Os preços caíram nos últimos dois meses, em parte porque menos surtos foram registrados que no início do ano. É provável que temperaturas mais elevadas dificultem a sobrevivência do vírus.
 
Mike Martin, porta-voz da Cargill, quarta maior empresa processadora de carne suína dos EUA, diz que a companhia confia que as duas vacinas aprovadas ajudarão os jovens animais a sobreviver. De acordo com ele, o produto da Harrisvaccines foi utilizado pela Cargill e já ajudou.
 
Em junho, a Harrisvaccines se tornou a primeira empresa a receber aprovação condicional do USDA para vender a vacina contra o vírus suíno. Isso significa que a companhia pode distribuir o tratamento diretamente para produtores de porcos ou veterinários enquanto aguarda a licença integral.
 
O sistema de licenciamento condicional do USDA, que está disponível para empresas de saúde animal desde 1985, exige que as empresas demonstrem em testes de campo que seus tratamentos são seguros. Elas também devem fornecer dados de testes que indiquem que o produto é provavelmente eficaz.
 
Antes de receber a aprovação do USDA, a Harrisvaccines vendia sua vacina como um tratamento experimental. Os produtores de suínos tinham que obter uma receita de um veterinário licenciado. A empresa afirma que vendeu 2,6 milhões de doses desde que lançou, em agosto de 2013, a vacina - cuja dose, que custa US$ 3, é administrada em suínas adultas na esperança de que a imunidade seja transmitida para suas crias. A empresa recomenda que as suínas recebam duas doses.
 
A tecnologia da Harrisvaccines, que é sediada em Iowa, utiliza sequenciamento genético para identificar um gene no vírus suíno que os pesquisadores acreditam que pode criar imunidade. Os pesquisadores inseriram esse material genético em um vírus enfraquecido quimicamente e criaram uma vacina que é chamada de vetorial.
 
O rápido desenvolvimento de uma vacina foi uma vantagem para essa pequena empresa de capital fechado, que foi criada em 2006 e emprega cerca de 40 pessoas. Com isso, seu faturamento deverá dobrar este ano, para cerca de US$ 8 milhões, conforme Joel Harris, diretor de vendas e marketing e filho do diretor-presidente e fundador, Hank Harris.
 
Em uma tarde recente, o Harris mais velho estava em um laboratório de pesquisas em Iowa, onde ele e outros pesquisadores vêm testando produtos para combater doenças altamente infecciosas de rebanhos. Ele disse que a tecnologia que a Harrisvaccines usa para o vírus suíno pode ser promissora em outras áreas.
 
Já a Zoetis recebeu a aprovação condicional para a sua vacina contra o vírus suíno no início de setembro.
 
Fonte: Valor Econômico 


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