JBS acredita na abertura do mercado dos EUA à carne brasileira
29 de Junho de 2015
Por Sergio Lamucci e Leandra Peres
NOVA YORK - O presidente da JBS, Wesley Batista, disse estar otimista com a possibilidade de abertura do mercado dos Estados Unidos à carne bovina brasileira, que deve ser anunciada pelo governo americano na terça-feira.
Em entrevista neste domingo, Batista afirmou que a medida para o Brasil deve ser “espetacular”, ao sair da reunião da presidente Dilma Rousseff com empresários brasileiros, realizada em Nova York neste domingo.
“Eu citei na minha fala para a presidente que é um marco histórico para a pecuária brasileira acessar o mercado americano. É um dos maiores importadores de carne no mundo”, disse Batista, dando em seguida uma magnitude desse mercado. “O Brasil exporta 2 milhões e pouco de toneladas, enquanto os EUA importam 1 milhão.” A abertura dos EUA à carne brasileira também é considerada positiva pelos produtores brasileiros porque pode ajudar a abrir outros mercados, como o do Japão.
Ao comentar a reunião com Dilma, Batista disse que o encontro foi “ótimo”. Segundo ele, a demanda dos empresários é que o Brasil tenha mais acesso ao mercado americano. Segundo ele, cada participante da reunião falou “das oportunidades que enxerga em cada setor”.
E os empresários trataram da situação política e econômica do Brasil? “Foram tratadas mais as oportunidades entre Brasil e EUA, todo mundo se concentrou mais aqui em falar sobre isso. Foi pouco citada a questão interna no Brasil”, respondeu ele. Alguns setores logicamente levantaram a questão do impacto do ajuste fiscal, das desonerações [tributárias].” A operação Lava Jato não teria sido tema do encontro, segundo participantes do encontro, confirmando o que disse o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Armando Monteiro.
Ele disse que também conversaram de assuntos como tratados para evitar a bitributação e a possibilidade de se iniciar um acordo de livre comércio. Segundo ele, são temas importantes num momento em que o Brasil está “muito mais ativo na economia americana, com o forte crescimento do investimento de empresas brasileiras nos EUA. “Estes dois temas ficam cada vez mais relevantes na medida em que se aumenta o investimento brasileiro nos EUA e vice-versa.”
Em entrevista depois do encontro, Monteiro disse que a questão de um acordo de livre comércio “se coloca no horizonte, mas não num prazo muito curto”. Segundo ele, o acordo é uma “aspiração”, mas na perspectiva da visita, o foco está em outra agenda. Os governos do Brasil e dos EUA definiram a facilitação de comércio e a convergência regulatória como temas em que pode haver ganhos de curto prazo. Para o Mdic, muitas das barreiras ao mercado americano hoje não são tarifárias, mas técnicas ou de padronização. Na viagem, o setor privado dos dois países devem assinar acordo de harmonização de normas nos segmentos de máquinas e equipamentos, têxteis e luminárias, nos moldes do que foi fechado em março pelo de cerâmica e porcelanato.
Dilma Rousseff se reuniu neste domingo em Nova York com 25 empresários e representantes de associações da indústria brasileira. Entre os principais nomes, executivos de empresas com atuação importante no mercado externo. Além de Batista, estiveram presentes André Gerdau Johannpeter (Gerdau), José Luís Cutrale (Cutrale) e Carlos Fadigas (Braskem) e Rubens Ometto (Cosan). Na saída do evento, Ometto respondeu apenas que o encontro foi “muito bom”.
Fonte: Valor Econômico