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ALANAC - Notícias do Setor

Alta do dólar vai chegar às farmácias

24 de Setembro de 2015

Por Regina Pires 
 
A disparada do dólar que bate novos recordes a cada dia afeta um dos setores mais caros (no duplo sentido, mesmo) à sociedade: o de medicamentos.
 
Ouvido pelo Fato Online, o Sindusfarma (Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo) adiantou que “o impacto do dólar nos descontos hoje concedidos pelas farmácias na venda de medicamentos deverá ser sentido em até 30 dias, oscilando, o prazo, de acordo com os estoques dos varejistas e atacadistas”.
 
Foi o que disse o presidente executivo do sindicato, Nelson Mussolini, explicando o motivo. “Isso acontece, pois 95% da matéria-prima utilizada na fabricação dos medicamentos é importada de países como China, Índia e Irlanda”.
 
“A escalada do dólar reduz drasticamente a rentabilidade das empresas forçando mudança nas condições comerciais com atacadistas e varejistas e impactando nos descontos dos medicamentos”, alegou.
 
Para se ter a ideia da importância da compra de remédios no orçamento das famílias, estudo realizado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) revelou que os gastos em farmácias representam para determinadas faixas salariais o comprometimento de 26,5% da renda.
 
Sem contar que o consumo de medicamentos específicos e de maior valor, como os usados para combater diabetes, hipertensão, alergias e cardiopatias fazem parte do orçamento de quem tem maior poder aquisitivo.
 
Entre as famílias de menor renda, predominam gastos com analgésicos, antigripais, vitaminas e anti-inflamatórios, chegando a representar 10% a renda. A pesquisa não considera os remédios distribuídos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e sim, os desembolsos tradicionais.
 
A dependência da indústria estrangeira bate no bolso dos brasileiros também por meio das compras públicas para abastecer hospitais, ambulatórios e postos de saúde, além das farmácias populares.
 
O peso dessas compras governamentais e as do setor privado é tamanho que o deficit do setor de saúde na balança comercial do país (que mede o comércio internacional) foi calculada no último ano em US$ 12 bilhões pelo Ministério da Saúde. Nessa conta estão incluídos, medicamentos, insumos e equipamentos. Só os gastos públicos representaram R$ 9 bilhões.
 
No apertado orçamento da Saúde deste ano, não havia previsão para uma alta de 50% do dólar, acumulado em menos de 9 meses.
 
Outro componente para deixar ainda mais salgado o preço dos remédios foi o reajuste de até 193,55% nas taxas cobradas das indústrias farmacêuticas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no último dia 2. As taxas, segundo a agência estavam congeladas há 16 anos.
 
Nos cálculos do Sindusfarma para registrar um novo medicamento, que custaria hoje R$ 80 mil, passa para R$ 234,8 mil. O menor índice de aumento é de 153,43%. A medida também alcança fabricantes de alimentos e de cosméticos.
 
Se as contas do mês não forem feitas com lupa, o dólar vai abocanhar boa parte do orçamento. Fique de Olho!
 
Fonte: Fato OnLine 


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