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Perda de grau de investimento afeta agricultura

21 de Setembro de 2015

Por Mauro Zafalon 
 
As consequências da perda do grau de investimento pelo país ainda não são claras para a agricultura. Mas os efeitos sobre a economia já indicam para uma redução de margem do produtor no próximo ano.
 
A avaliação é do ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues. Para ele, câmbio e crédito são dois pilares fundamentais para o setor neste momento, e o rumo deles ainda gera dúvidas.
 
O câmbio, no ritmo atual, beneficia a agropecuária, que plantou com um dólar menor e está vendendo com um dólar mais elevado.
 
As negociações das commodities são basicamente feitas em dólar, o que traz mais reais para os produtores.
 
O problema, segundo Rodrigues, é que a safra atual já está sendo plantada com um dólar mais elevado. Ou seja, custos maiores. E com qual dólar vamos negociar no final da safra?, pergunta ele. Se o dólar estiver abaixo dos patamares atuais, a conta não vai fechar.
 
A questão do crédito, que preocupava os produtores, começa a ser resolvida com as liberações que vêm ocorrendo nas últimas semanas, diz Rodrigues.
 
A agropecuária sentirá os reflexos dos rumos da governabilidade. Os erros cometidos pelo governo começam a ser pagos agora pela sociedade. À exceção do setor sucroenergético, que já está pagando há mais tempo.
 
Apesar de admitir que há problemas na condução política e econômica do governo federal, o ex-ministro afirma que a agricultura está em boas mãos.
 
"A Kátia Abreu, que conseguiu um bom Plano Safra, conhece o setor e tem representatividade no governo."
 
Sobre a possibilidade de a ministra da Agricultura assumir a Casa Civil, Rodrigues diz que, "seria melhor ainda. Com a Kátia na Casa Civil, teríamos dois ministros. Ela e quem ela indicar".
 
Mesmo com os problemas atuais, o ex-ministro se diz esperançoso. "É preciso olhar para a frente."
 
Os investimentos na agricultura com certeza serão menores daqui para a frente. É só ver o resultado das compras de máquinas e equipamentos pelos produtores nas feiras realizadas pelo país.
 
Mas, um alívio poderá vir de possíveis quedas nos preços de fertilizantes, máquinas e agroquímicos.
 
O lado bom é que o produtor aprendeu que, para competir, tem de ter tecnologia e produtividade.
 
Para discutir esses momentos do cenário agrícola e principalmente as questões institucionais da agricultura, o setor se reúne neste sábado (19) em Campinas (SP).
 
Rodrigues, presidente do Lide Agronegócios, que promove o evento, diz que o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, fará uma avaliação de como o Judiciário vê o agronegócio.
 
Na sequência, haverá um debate com representantes do Congresso para avaliar o que está sendo feito em diversas áreas como vendas de terras para estrangeiros e questões ambientais e indígenas.
 
Fonte: Folha de São Paulo 


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