Remédios e soja puxam a alta dos IGPs em maio
17 de Maio de 2016
Por: Alessandra Saraiva
A inflação apurada pelos Índices Gerais de Preços (IGPs) deve encerrar maio com altas em torno 0,60%, acima de abril, quando ficaram em torno de 0,40%. Soja e medicamentos mais caros, respectivamente no atacado e no varejo, devem levar a uma taxa maior no mês, na avaliação de Salomão Quadros, superintendente-adjunto de Inflação do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). Os dois produtos foram os principais responsáveis pela aceleração do Índice Geral de Preços-10 entre abril e maio, divulgado ontem, que subiu de 0,40% para 0,60% no período, após dois meses em desaceleração. Com isso, o indicador acumula alta de 3,87% no ano e de 10,91% em 12 meses. Em maio do ano passado, o IGP-10 avançou menos, 0,52%.
No atacado, a variação no preço da soja passou de queda de 4,95% para alta de 7,22% no período. Isto impulsionou a inflação no atacado, apurada pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que representa 60% do indicador e acelerou de 0,35% para 0,64%. "A soja foi, disparado, o principal motivo de aceleração do IPA", afirmou Quadros. Somente a aceleração no preço da soja contribuiu com 0,59 ponto percentual na formação da inflação no atacado no IGP10 em maio. Houve quebra de safra do produto no Nordeste brasileiro, bem como problemas na colheita do item na Argentina, o que causou preocupação quanto à oferta da oleaginosa.
O preço do grão também influenciou a variação do farelo de soja, que saiu de deflação de 9,93% para aumento de 12,38% entre abril e maio, com contribuição positiva de 0,32 ponto percentual na inflação do atacado. "Esses dois produtos contribuíram com praticamente 0,90 ponto percentual da alta nos preços do atacado em maio pelo IGP10", afirmou. Assim, a alta de preços atacadistas se concentrou no chamado complexo soja. "Não fossem a soja e o farelo, creio que os preços no atacado mostrariam taxa negativa".
No varejo, a inflação dos medicamentos acelerou de 1,34% para 7,55% para o consumidor na passagem mensal. Essa foi a principal influência para a taxa maior no Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que representa 30% do IGP-10, e saiu de alta de 0,43% em abril, para 0,60% em maio. Quatro das oito classes de despesa que compõem o índice registraram aceleração, com destaque para o grupo saúde e cuidados pessoais (0,94% para 2,53%), puxado por medicamentos.
Fonte: Valor Econômico