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Acordo global é desafio para agronegócio brasileiro ganhar mercados

13 de Outubro de 2015

 
 
CONSEQUÊNCIAS DO SUPERACORDO
O agronegócio brasileiro nos 12 países da parceria transpacífica – Importações do Brasil, em US$ milhões
 
As exportações brasileiras do agronegócio para o recém formado bloco TTP (Tratado Transpacífico), que inclui 12 países, somaram 12% do que o Brasil exportou desse setor de janeiro a agosto deste ano.
 
A lista dos produtos exportados para o bloco indica que a perda de participação do país será limitada, por ora, devido à quantidade e à forte presença dos produtos brasileiros em vários mercados.
 
Uma coisa é certa, formado o grupo, fica difícil, para quem está de fora, romper as taxas preferenciais e colocar produto nos países participantes, de acordo com Francisco Turra, da ABPA (produtores e exportadores de carnes de frango e suíno).
 
Ele cita o caso do México. O Brasil só conseguiu vender carnes para o país devido à gripe aviária e a doenças em suínos na América do Norte.
 
Um contraponto a favor do Brasil é a quantidade produzida e os custos de produção.
 
O Brasil vai continuar com uma expansão garantida da produção nos próximos anos, mas os custos já começam a interferir na competitividade.
 
A evolução econômica do país nos últimos anos elevou preços de serviços e da mão de obra. Agora, os desacertos atuais trazem outros custos, como os de energia, da inflação e dos insumos.
 
Com o acirramento da concorrência mundial no agronegócio e em produtos industrializados desse setor, estar fora de blocos comerciais enfraquece o peso da liderança.
 
Turra acredita que o país ainda permanecerá competitivo, mas não pode se prender a acordos que não funcionam, como o do Mercosul, e não avançar em outros, como o com a União Europeia.
 
E se a China também restringir seu mercado fazendo acordos comerciais, e o Brasil estiver fora?, pergunta ele.
 
Entre os principais produtos exportados pelo Brasil para os países participantes do Tratado Transpacífico, estão vários dos quais o país é líder.
 
O principal dessa lista é o café. As importações dos Estados Unidos e as do Japão fizeram o montante das compras do bloco, feitas no Brasil, somar US$ 1,3 bilhão.
 
Um dos países do bloco, o Vietnã, é o segundo maior produtor mundial de café, mas a produção se concentra em café robusta, de menor participação no mercado do que o arábica, cuja liderança é do Brasil.
 
As carnes são o segundo item das exportações brasileiras para o bloco e somaram US$ 1,1 bilhão até agosto. Maior exportador mundial de carnes bovina e de frango, o Brasil tem vantagens sobre os EUA, os maiores produtores.
 
No caso da carne bovina, o Brasil ainda tem muito a crescer. Os norte-americanos, com um rebanho de 90 milhões de cabeças, produzem mais carne do que o Brasil, que tem 200 milhões.
 
É um caminho que ainda está aberto ao Brasil e fechado aos Estados Unidos, que já atingiram um patamar de produtividade bem maior.
 
A Austrália, outro participante do bloco, não terá muito espaço para evolução na produção de carne bovina.
 
O bloco garante, no entanto, os melhores preços da carne bovina para os produtos dos EUA e da Austrália.
 
O açúcar também está entre os principais produtos brasileiros importados pelo bloco: 9% das exportações totais do país, até agosto, foram para esses 12 países.
 
O ganho da Austrália, também produtor de açúcar, é limitado. A produção do país é muito pequena em relação à do Brasil.
 
Todos os países do novo bloco são importantes para o comércio brasileiro, mas tem alguns que o país deverá cuidar mais.
 
Após muito esforço, o Brasil aumenta a participação nas exportações de carnes na Ásia. O Japão, cujas vendas brasileiras de carnes dos primeiros oito meses somam US$ 555 milhões, é um mercado com intenso potencial.
 
O Vietnã também merece atenção dos brasileiros. Os vietnamitas começam a abrir as portas para as carnes brasileiras e já são um potencial importador de grãos.
 
Fonte: Folha de São Paulo 


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