Produção industrial deve ter crescido 1,5% em março, afirmam economistas
03 de Maio de 2016
Por: Tainara Machado
Depois do tombo da produção industrial em fevereiro, o setor manufatureiro deve ter registrado alguma melhora ao longo de março, ainda que insuficiente para recuperar o nível de atividade anterior, argumentam economistas. De acordo com a média das estimativas de 21 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, a produção industrial deve ter subido 1,5% em março, compensando apenas parte da retração de 2,5% registrada em fevereiro, sempre na comparação com o mês imediatamente anterior, feitos os ajustes sazonais.
As projeções para a Pesquisa Industrial Mensal Produção Física (PIM-PF), a ser divulgada hoje pelo IBGE, vão de alta de 0,6% até aumento de 2,4%. No entanto, em relação a março de 2015, a produção deve ter diminuído 10,7%, mantendo a trajetória negativa nessa comparação que já se estende desde março de 2014.
Para Leandro Padulla, economista da MCM Consultores, ainda que a expectativa seja de aumento da produção em março, o avanço deve ficar muito aquém do necessário para compensar o tombo observado no período anterior. Segundo ele, que estima alta de 0,8% da produção industrial na passagem mensal, ainda não é possível falar em reversão de tendência para a indústria.
Em grande parte, afirma, sua estimativa de aumento da atividade manufatureira no mês se deve à base de comparação deprimida, até porque os indicadores para o setor ainda dão sinais contraditórios.
Padulla estimava crescimento até maior da indústria no mês, superior a 1%, mas revisou sua projeção depois da divulgação do dado de refino de petróleo pela Associação Nacional de Petróleo (ANP), que caiu 6,3% na comparação com igual mês do ano passado. "Não esperávamos um tombo tão forte, já que no mês anterior a alta havia sido de 3%", comenta. Do lado positivo, comenta Padulla, está o consumo de energia elétrica e a expedição de papel ondulado, que subiram no período.
Segundo a Tendências Consultoria, que estima aumento de 1% da produção industrial na passagem mensal, a expedição de papel ondulado aumentou 1,8% entre fevereiro e março, na série com ajuste sazonal da consultoria, o que contribuiu para a expectativa de aumento da atividade no setor no período. Outro dado positivo, segundo a consultoria, foi a produção de veículos, que recuperou parte do tombo de fevereiro ao subir 20% no mês.
Para Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, o setor automobilístico foi ajudado pelas exportações, que estão em gradativa melhora. Segundo ele, que projeta alta de 1,4% da indústria entre fevereiro e março, a desvalorização do câmbio está começando a ter efeitos mais visíveis sobre a produção do setor, com impacto também em segmentos como o alimentício e o metalúrgico.
Ainda assim, diz, não dá para dizer que há reversão de tendência para o setor industrial. "Foi mais um ponto fora da curva, até porque alguns dados continuam a mostrar tendência bastante negativa", diz. Vieira lembra, por exemplo, que o faturamento da indústria caiu 1,2% na passagem mensal, segundo a Confederação Nacional das Indústrias (CNI), com queda também do nível de utilização da capacidade instaladas, para 77,7%.
"Podemos até ter números positivos mais para frente, mas é mais porque a base de comparação é tão ruim que qualquer reversão já parece positiva", avalia.
Padulla, da MCM, faz avaliação parecida. Segundo ele, os números dos próximos meses podem ser um pouco menos piores, já que a confiança tem dado sinais de recuperação. Ele pondera, no entanto, que essa avaliação está longe de significar retomada mais significativa da atividade industrial. Para o ano, por exemplo, a projeção da MCM é de redução de 7% da produção do setor.
Fonte: Valor Econômico