Raia Drogasil combina investimento e disciplina
19 de Fevereiro de 2016
Por: Adriana Mattos
Com dinheiro em caixa, vendas em crescimento e baixo endividamento, a Raia Drogasil vai ampliar a aberturas de lojas e os investimentos em 2016, informou a direção da empresa, ontem, após a publicação dos resultados de 2015. Mas, apesar da situação confortável, haverá um esforço para tentar reduzir o possível impacto negativo dessa expansão orgânica sobre despesas e sobre lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda).
A empresa entende que é o momento de acelerar o atual ritmo de crescimento para ganhar terreno num momento difícil para varejistas menores e em má situação financeira mas, pela primeira vez, fez algumas ressalvas pontuais, considerando o cenário de crise econômica.
A companhia fala que "reforçar a disciplina financeira em 2016 será crucial, tanto em função da crise, como [por causa da] aceleração da expansão orgânica, que aumentará a necessidade de investimento e desafiará a geração de fluxo de caixa livre [FCL]". A empresa gerou R$ 110 milhões em FCL em 2015, alta de 45%.
Esse reforço na disciplina financeira "exigirá um maior controle das despesas e do capital de giro, bem como um maior questionamento dos investimentos não relacionados à expansão", informa a companhia, em material ao mercado. Nesse grupo entram desembolsos em inovação, treinamento, consultoria etc.
Para 2016, o grupo de varejo de farmácias reforçou previsão de 165 aberturas em 2016 e 195 inaugurações no ano que vem, versus 156 no ano passado. Em termos de investimentos (Capex) foram R$ 388 milhões em 2015, aumento de 43%. "Para este ano, é natural que, com mais aberturas, os investimentos serão maiores e acelerar crescimento faz despesa operacional subir, então vamos correr atrás, gerando maior receita para 'pagar' esse crescimento", disse Eugênio De Zagottis, vicepresidente de relações com investidores.
Segundo ele, apesar da retração no consumo não ter afetado a demanda das redes, a alta dos juros e a inflação ainda resistente em certas áreas tem feito o grupo ser mais "cauteloso" em relação ao fluxo de caixa livre. "A luta será manter margem e diluir expansão na estrutura, considerando um cenário com pressão da inflação, maiores custos de mão de obra e aumento da energia elétrica", afirmou.
O grupo somava posição de caixa de R$ 266 milhões ao fim de dezembro, para uma dívida líquida de R$ 30 milhões. Ao fim de 2014, essa dívida era de R$ 10 milhões para um caixa de R$ 281 milhões.
Maior rede de drogarias do país, a Raia Drogasil informou, ontem, alta de 23,8% no lucro líquido de setembro a dezembro, para R$ 76,9 milhões, com receita líquida crescendo 22,4%, para R$ 2,45 bilhões. Em 2015, o lucro líquido subiu 53,5%, para R$ 339,8 milhões, e a receita atingiu R$ 8,9 bilhões. A margem bruta passou de 27,9% no quarto trimestre de 2014 para 28,7% em igual período de 2015.
Maior envelhecimento da população, ganhos de escala gerados pelas duas redes e a manutenção da demanda por medicamentos ainda em patamares elevados, apesar da recessão econômica, explicam o desempenho. Analistas acreditam que decisões acertadas da gestão nos últimos anos também tem ajudado nos números, incluindo processo de finalização da integração das cadeias, que gerou redução de despesas.
Fonte: Valor Econômico.