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ALANAC - Notícias do Setor

BR Pharma volta a buscar bancos

04 de Fevereiro de 2016

Por: Ana Paula Ragazzi e Adriana Mattos

Sem nenhuma demanda de investidores para comprar novas ações da Brasil Pharma, o resultado da oferta de papéis da companhia foi que o BTG Pactual consolidou­se no controle da empresa, diluindo os demais acionistas. Apenas o banco apareceu na operação, injetando R$ 400 milhões na empresa e elevando sua fatia de 37% para 96% das ações. O dinheiro vai ser usado para resgatar 99,8% das debêntures da terceira emissão da companhia, que estão exclusivamente nas mãos de veículo do próprio BTG. O BTG "trocou dívida por ações" ou reduziu sua posição como credor e aumentou a fatia acionária na empresa.

Mesmo depois dessa redução de endividamento, o BTG ainda renegocia com outros cinco bancos credores mais R$ 404 milhões em dívidas da companhia. A BR Pharma queria captar na oferta R$ 800 milhões para equacionar suas dívidas. Quando lançou a operação, em janeiro, afirmou que sem o aumento de capital e a consequente desalavancagem provavelmente não conseguiria gerar caixa suficiente para cobrir "investimentos, despesas, obrigações de pagamento da dívida, e outros valores a serem pagos no futuro próximo". A desalavancagem foi conquistada, mas apenas na metade do pretendido e a empresa ainda sinaliza dificuldades de capital de giro.

Um dia antes de fechar a oferta, o conselho de administração prorrogou a vigência de um contrato de abertura de limite de crédito com o Banco Original no valor de R$ 20 milhões. Além disso, estendeu o prazo de vencimento de um CCB do HSBC de R$ 75 millhões e fechou uma nova CCB, também com o HSBC, de R$ 15 milhões. Uma de suas redes, a Rosario, fechou a contratação, com o Santander, de R$ 15 milhões em "operações de confirming", na qual o banco passa a ser, em nome do cliente (BR Pharma), o gestor dos pagamentos aos fornecedores.

Em atualização de seu formulário de referência encaminhado à CVM no sábado, a Brasil Pharma afirma que, na renegociação de suas dívidas com cinco bancos, o controlador BTG Pactual planeja, para este trimestre, uma nova emissão de debêntures, no valor de R$ 355 milhões. As negociações para subscrição desses papéis acontecem com Itaú Unibanco, no valor de R$ 125 milhões; HSBC Bank Brasil, R$ 90 milhões; Santander (Brasil), R$ 80 milhões; e Banco do Brasil, R$ 60 milhões.

A empresa informa que as debêntures terão um prazo de 48 meses, com carência de 18 meses e que as demais condições das debêntures continuam em negociação com os bancos. Ou seja não se sabe quais condições as instituições colocarão para trocar uma dívida por outra.

Após a colocação dessas debêntures, a dívida da empresa será dos R$ 355 milhões mais R$ 50 milhões relativos à uma linha de crédito com o Bradesco e mais R$ 45 milhões de CCB com o HSBC. O Bradesco é citado no grupo de instituições com quem a empresa já tem débitos a renegociar, mas não está no grupo de bancos que podem subscrever as debêntures.

A atual renegociação com bancos, iniciada em 2015, em relação aos empréstimos e financiamentos contratados nos últimos anos envolve Banco do Brasil, Santander (Brasil), Itaú Unibanco, Bradesco e HSBC Bank Brasil. Na data de entrega dessas informações à CVM, na semana passada, o saldo em aberto com esses bancos totalizava R$ 404,1 milhões, 46,5% da dívida financeira consolidada total.

Em setembro passado, a dívida total era de R$ 1 bilhão, sendo que a curto prazo, existiam R$ 607,6 milhões em empréstimos e financiamentos, mais R$ 100,7 milhões em contas a pagar por aquisição, e outros R$ 250,7 milhões em debêntures. No caixa da empresa existiam R$ 9,2 milhões em setembro e o prejuízo era de R$ 215 milhoes até setembro de 2015, versus R$ 396,2 milhões no ano anterior.

O Valor calculou que, desde 2014, quando a crise financeira na BR Pharma começou, o BTG já colocou ao menos R$ 1,15 bilhão na empresa, entre subscrição de ações e de debêntures (por meio do BTG Pactual Prop Feeder, controlada indireta do BTG). Hoje na bolsa, a BR Pharma vale R$ 482 milhões.

 

Fonte: Valor Econômico.


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