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ALANAC - Notícias do Setor

Fabricantes de Viagra e Botox fecham fusão de US$ 160 bilhões

24 de Novembro de 2015

As empresas Pfizer e Allergan anunciaram nesta segunda-feira (23) um acordo histórico de fusão, com valor de cerca de US$ 160 bilhões, que cria a maior empresa farmacêutica do mundo.
 
"A Pfizer e a Allergan anunciam [nesta segunda-feira] que seus conselhos de administração aprovaram, em unanimidade, um acordo de fusão definitiva", afirmaram as empresas, em comunicado emitido na manhã desta segunda-feira (23).
 
Os conselhos das duas empresas ratificaram no domingo a decisão, que deve ser anunciada ainda nesta segunda-feira, de acordo com os jornais "Wall Street Journal" e "Financial Times".
 
Os termos finais do contrato incluem a proporção de 11,3 ações da Pfizer para cada papel da Allergan. Os acionistas da Pfizer poderão optar entre ter ações da nova companhia ou receber o valor em dinheiro.
 
O acordo avalia as ações da Allergan em US$ 363,63, considerando o preço de fechamento do papel de US$ 312,46 na última sexta-feira.
 
Os papéis serão cotados em Wall Street sob o símbolo da Pfizer (PFE).
 
A oferta é a maior da história no setor de saúde e a empresa será a maior farmacêutica do mundo. A estimativa é de US$ 60 bilhões em vendas por ano. O acordo deve estar completamente finalizado até o segundo semestre de 2016.
 
 
O presidente-executivo da Pfizer, Ian Read, comandará a nova empresa. Brent Saunders, que preside a Allergan até a concretização da fusão, será o novo diretor de operações.
 
Saunders e o presidente do Conselho da Allergan, Paul Bisaro, terão assentos no Conselho da nova Pfizer.
 
A Pfizer é a fabricante de medicamentos como Viagra e uma das maiores empresas do setor. A irlandesa Allergan produz o Botox e remédios para o mal de Alzheimer.
 
A transação ainda depende da aprovação de órgãos regulatórios dos Estados Unidos e da União Europeia, além do aval dos acionistas das duas empresas.
 
A Allergan também deverá finalizar seu desinvestimento na farmacêutica israelense Teva, que adquiriu sua divisão de medicamentos genéricos.
 
A operação foi concluída em julho deste ano.
 
As ações da Allergan tiveram alta de 8,8% desde 28 de outubro, quando as primeiras informações sobre a fusão vieram a público.
 
De acordo com Saunders, a fusão garante acesso dos produtos da farmacêutica irlandesa a 70 novos mercados em todo o mundo.
 
O acordo é anunciado cerca de um ano e meio depois da última tentativa de inversão fiscal da Pfizer, que chegou a considerar a compra da britânica AstraZeneca por US$ 188 bilhões.
 
MENOS IMPOSTOS
 
Esse tipo de operação de fusão e aquisição, a chamada "inversão fiscal", permite que uma empresa norte-americana mude sua sede administrativa e pague favor impostos mais baixos no novo país —no caso, a Irlanda.
 
Para garantir taxas menores, o processo será tecnicamente estruturado como uma "fusão reversa", com a compra da gigante Pfizer, de Nova York, pela Allergan, baseada em Dublin.
 
As empresas afirmaram que a nova companhia terá o nome de Pfizer PLC.
 
Os impostos para empresas nos Estados Unidos podem chegar a 35%, enquanto a taxa irlandesa é de no máximo 12,5%, de acordo com a Reuters.
 
A partir da fusão, a sede operacional permanecerá em Nova York, mas a administrativa será realocada para a capital irlandesa.
 
A mudança de sede desagradou o governo norte-americano, que já havia anunciado na última semana novas regras para restringir mais a prática. O presidente dos EUA, Barack Obama, chegou a chamar a estratégia de "pouco patriótica".
 
O país perdeu bilhões de dólares de receita de empresas que adotaram a inversão fiscal nos últimos anos.
 
Read, que chegou à empresa com a incumbência de diminuir processos de fusão pouco vantajosos, afirmou em comunicado que o acordo ajudaria a colocar a empresa "em um passo mais competitivo".
 
A expectativa era a de que a empresa pagasse 25% de impostos corporativos neste ano. Com a mudança, espera-se uma taxa de 17 a 18% em 2017, já com a sede fiscal na Irlanda.
 
Quando finalizada, no segundo semestre de 2016, a fusão deve gerar economia de cerca de US$ 2 bilhões, de acordo com as empresas. Não foi informado se serão feitos cortes no número de funcionários.
 
RAIO-X
 
Pfizer/2015
 
Faturamento US$ 47,92 bilhões
 
Ebitda US$ 19,48 bilhões
 
Número de funcionários 78,3 mil
 
-
Allergan/2015
 
Receita US$ 19,61 bilhões
 
Ebitda US$ 7,64 bilhões
 
Número de funcionários 11,4 mil
 
Fonte: Folha de São Paulo 


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