Por: Joana Cunha

 

A compra da divisão de cosméticos da Hypermarcas pela Coty ocorre em um momento em que o mercado esperava outra notícia: a venda do negócio de fraldas da brasileira, que abrange marcas como Cremer Disney, Pompom, Sapeka e Bigfral.

 

Desde o início do ano, as fraldas são alvo de rumores de uma possível venda.

 

Segundo a Folha apurou, a Hypermarcas chegou a negociar, mas ainda não alcançou um acordo em torno do valor. Fala-se em uma transação que envolveria aproximadamente R$ 1,5 bilhão. Entre os potenciais compradores estariam nomes como Kimberly Clark e a sueca SCA.

 

Essa eventual retirada das fraldas do portfólio da Hypermarcas representaria mais um passo da empresa na direção de se tornar uma empresa com foco na produção de remédios.

 

Em entrevista à Folha, porém, o presidente da companhia, Claudio Bergamo, não quis comentar o negócio envolvendo as fraldas.

 

"A gente se comprometeu a só comentar na hora que tiver alguma coisa mais concreta. Mas no momento a fralda continua sendo tocada normalmente pela companhia, e vida normal", disse.

 

Segundo Bergamo, faz sentido para a empresa se concentrar em negócios que têm maior retorno sobre capital investido, como o farmacêutico, e vender outras partes da divisão de consumo.

 

No entanto, mesmo dentro dessa divisão, ele argumenta que há negócios com características mais identificadas com a da atividade farmacêutica, como negócio de preservativos (marcas como Jontex e Olla) e o de adoçantes (Adocyl, Finn e ZeroCal).

 

Questionado sobre a avaliação de alguns analistas de mercado, que consideraram alto o valor de R$ 3,8 bilhões pela divisão de cosméticos, ele afirmou que a cifra não é condicionada ao desempenho. "É o valor e ponto final. Nossos negócios valem bastante. Fizemos a lição de casa certinha, as marcas cresceram. Bons negócios vendem bem."

 

Bergamo relatou que as negociações com os compradores tiveram idas e vindas. "Vamos dizer que esteve mais quente em duas semanas mais ou menos. Prefiro não dar detalhes do processo."

 

O presidente da Hypermarcas afirmou também que a venda da divisão de cosméticos não afeta os incentivos fiscais dados pelo Estado de Goiás, condicionados à manutenção do emprego.

 

Questionado sobre a possibilidade de a Coty cortar funcionários, Bergamo respondeu que isso está "fora de cogitação": "Pelo contrário, tem interesse de expandir".

 

"Não adiante especular sobre isso. A Coty é a líder mundial em fragrâncias. Ela olha a Hypermarcas como plataforma para expandir seus negócios para o Brasil e para a América Latina. A fábrica deve se tornar um ponto de exportação."

 

Fonte: Folha de São Paulo